(Imagem: Mario Sánchez Nevado) |
A primavera
começou com uma notícia que ligou um sinal de alerta para todos nós (já estava
ligado faz tempos), ou pelos menos nos fez coçar a cabeça sobre o que se passa
nesse momento: Uma das principais nascentes do Rio São Francisco secou (Jornal
Estado de Minas). Sim! Secou, não tem água numa das principais nascentes de um
dos principais rios do Brasil.
Se nós somos
seguidores ou não de São Tomé (“eu só acredito vendo”), a situação está aí para
todos nós “apreciarmos com moderação”. Já sabemos que fomos castigados pela
falta de chuva, que não choveu o que deveria ter chovido e que as queimadas se
alastram por todos os lados, mas já passamos por isso inúmeras vezes (os anos
de 2001 e 2008 servem de exemplo) e nem por isso tivemos tantos sustos ou
preocupações, apesar da campanha de racionamento de energia de 2001. O problema
acontece quando continuamos a utilizar nossos recursos hídricos como se nada
estivesse acontecendo, sem falar no consumismo exacerbado patrocinado pelo
mundo capitalista.
Os números
assustam, mas 15 litros é a quantidade de água disponível para um africano
utilizar durante o dia, um pouco mais que aquele baldinho preto que tem na sua
casa. Isto também pode valer para municípios do extremo sertão brasileiro (tá
vendo? Eles vivem o desafio do balde muito antes disto virar modinha entre celebridades
e ingênuos meros mortais). O consumo médio mundial por dia é de apenas 40
litros de água (ONU). Nós brasileiros temos um consumo médio de aproximadamente
200 litros (ANA – Agência Nacional das Águas), isto quer dizer que uma família
com 5 pessoas consome uma caixa d’água de 1000 litros todos os dias.
Rio São Francisco em Pirapora - MG (Fonte: www.em.com.br) |
Mas o quê que
tem a ver esses números com a seca dos rios? É um pouco complexo, mas entendível.
Muitos municípios utilizam dos rios ou de poços artesianos para o abastecimento
populacional, até aí tudo bem, tudo certo, porém com a falta de chuvas e o uso
descontrolado e desinteligente das águas, os rios diminuem a sua vazão bem como
a quantidade disponível nos poços artesianos. Quando um rio não consegue
fornecer água suficiente para todos e os poços começam a secar, furam-se mais
poços a procura de água, estes cada vez maiores e mais profundos. Mas e a
nascente secando? As nascentes são abastecidas pelos lençóis d’água existentes
no subsolo, lençóis esses que são prejudicados com a constante abertura de
poços artesianos e pela falta de infiltração da água das chuvas no solo,
denominando o “stress hídrico”.
Antigamente
tínhamos chuvas brandas e constantes no decorrer dos meses. Lembram-se daquele
ciclo das águas em que a água era evaporada, formavam nuvens, chovia,
abasteciam rios e córregos? Pois é, era bem assim que funcionava, mas a partir
do momento em que interrompemos alguma parte do ciclo, começam os problemas.
Podemos citar, por exemplo, a infiltração da água nos solos (a falta dela para
ser mais exato). Aquele asfalto tão desejado por todos impede a infiltração bem
distribuída por todo o terreno, resultado: a água da chuva se acumula em um só
ponto e formam as enxurradas que carreiam tudo o que encontra pela frente
diretamente para os córregos e rios; os rios começam a receber um volume maior de
água e sólidos carreados, ocupando maior espaço inclusive das beiras dos rios
que antes não eram atingidas, causando o assoreamento, ficando o rio mais largo
e mais raso; com o maior volume de água nos rios e menos nos solos, a
evaporação fica acumulada em um canto e escassa em outro; daí pode vir as
pancadas de chuva (somado com outros fatores atmosféricos) e volta todo aquele
ciclo desorganizado.
O Velho Chico
está ficando velho e não está suportando tais mudanças climáticas, é visível
que não é normal tantos dias sem chuvas e reservatórios tão secos. O sinal de
alerta já está ligado há anos, porém negligenciamos os sinais da mudança, agora
é torcer que venham as chuvas, de preferência brandas, constantes e sem
estragos. Enquanto isso valorize o que tens e não desperdice!
Escrito por Matheus Terra Hipólito
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