Décadas atrás, interessado em conhecer e divulgar melhor a História de Curvelo, minha terra natal, iniciei pesquisas Brasil afora. Dentre os lugares nos quais já vasculhei o passado curvelano, cito Belo Horizonte (Arquivo Público Mineiro), Sabará (Museu do Ouro), Rio de Janeiro (Biblioteca Nacional, Fundação Casa de Rui Barbosa), Salvador (Arquivo Público da Bahia, Arquivo da Cúria Metropolitana) e Fortaleza (Arquivo Público do Ceará), onde encontrei registros da cantora lírica Rita Paixão, consagrada intérprete das composições do cearense Paurillo Barroso. Ela nasceu no distrito de Santa Rita do Cedro. Também mergulhei, claro, em documentos existentes na cidade, a exemplo dos arquivos das paróquias (atas, livros de tombo, etc.), dos cartórios, da Prefeitura e da Câmara Municipal (atas, termos de posse, decretos, diplomas diversos). Em Sete Lagoas, auxiliado pelo historiador Márcio Vicente da Silveira Santos, de saudosa memória, localizei e manuseei as sucessivas edições do semanário O Trayrense, editado no distrito curvelano de Trayras, atual Santana de Pirapama, pelo jornalista José Guilherme dos Santos. Em Diamantina, fiz buscas nos arquivos da Mitra Arquidiocesana. Li as obras sobre Curvelo ou com referências ao Município, inclusive as de autores estrangeiros, como Viagem de Canoa de Sabará ao Oceano Atlântico, de Richard Francis Burton, erudito inglês do período vitoriano, publicada pela Editora da Universidade de São Paulo em 1977, com tradução de David Jardim Júnior e notas de Mário Guimarães. Li, ainda, os periódicos das hemerotecas do Museu Vivo da História Local (Faculdade de Ciências Humanas) e do Acervo Municipal Newton Corrêa, construído pelo prefeito Maurílio Guimarães.
Outra coisa: tive a feliz oportunidade de conviver e aprender muito com mestres do estofo de Corrêa de Almeida, Geraldo de Sousa, Juvenal Pereira Soares, Vianna Espeschit e Ulisses Lopes da Silva.
Com supedâneo nas pesquisas e aprendizados, publiquei livro histórico solo e me tornei coautor de outros. Agora, neste artigo, reúno algumas efemérides às quais, a meu ver, os curvelanos devemos estar atentos em 2024.
Longe de mim considerar perfeito este trabalho. Espero, todavia, que ele seja útil a quantos se interessem pelo assunto. Faço minhas as palavras de António Feliciano de Castilho, quando o intelectual luso do século XIX deu à estampa sua tradução em português do “Fausto”, de Wolfgang von Goethe, feita a partir de uma edição francesa. Sob o título Advertência, Castilho assim se expressou: “Outros fariam ou farão melhor; eu fiz o que pude”. É isto, pessoal: o que estava ao meu alcance foi feito.
Boa leitura!
HÁ DUZENTOS E NOVENTA ANOS
Em 17/12/1734, em Lisboa, nascia dona Maria I, rainha de Portugal e Algarves, mais tarde do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Para uns, “a Piedosa”; para outros, “a Louca”. Tão logo assomou ao trono, em 1777, ela demitiu o Marquês de Pombal e mandou libertar os curvelanos envolvidos na chamada Inconfidência do Corvelo, restituindo-lhes os bens confiscados. Um deles? O primeiro titular da Paróquia de Santo Antônio, padre Carlos José Lima. Ele retornou ao solo curvelano, onde morreria em 1779.
HÁ CENTO E NOVENTA ANOS
Em 10/02/1834, o doutor Peter Lund chegava a Curvelo e se encontrava, casualmente, com seu compatriota Peter Claussen, que morava em solo curvelano. Esse encontro, teatralizado por Pedro Bial e Eduardo Bueno no programa Fantástico, da TV Globo, seria determinante para a história da paleontologia e da arqueologia brasileira, pois foi depois dele que o naturalista dinamarquês tomou contato com as cavernas e os fósseis do país.
HÁ CENTO E SESSENTA ANOS
Em 02/02/1864, Curvelo deixava o Arcebispado da Bahia e passava à jurisdição eclesiástica da Diocese de Diamantina, então inaugurada com a posse de seu primeiro bispo, dom João Antônio dos Santos.
Em 23/03/1864, em Diamantina, nascia o advogado, promotor de Justiça e jornalista Clarindo Jorge de Lima. Foi redator do jornal Cidade do Curvelo e fundador do Internato Curvelano.
Em 29/08/1864, em Capela Nova (Betim), nascia Juvenal Batista Borges Diniz, farmacêutico, jornalista e vereador em Curvelo.
Em dezembro de 1864, forças paraguaias aprisionavam o vapor Marquês de Olinda e invadiam o Mato Grosso. O corolário desses dois fatos seria a Guerra da Tríplice Aliança, mais conhecida como Guerra do Paraguai. Curvelanos lutaram voluntariamente contra o exército de Solano López. Alguns morreram no teatro de operações ou em outras circunstâncias, mas houve quem retornasse triunfante a Curvelo, caso de João Batista de Souza Viana. Ele esteve na Retirada da Laguna. Para homenagear tais cidadãos, a Câmara Municipal mudou o nome da Praça da Constituição (referência à Carta Magna de 1824) para Praça Voluntários da Pátria. Trata-se do logradouro onde se ergueu mais tarde o Santuário de São Geraldo.
HÁ CENTO E CINQUENTA ANOS
Em 08/10/1874, nascia o insigne curevelano Augusto Viana do Castelo. Dentre outros cargos, ocupou o de secretário de Estado da Agricultura de Minas Gerais, o de deputado federal e o de ministro da Justiça e Negócios Interiores no governo de Washington Luís. Em consequência da Revolução de 1930, teve de seguir para o exílio.
Há CENTO E TRINTA ANOS
Em 09/02/1894, na Lapa (PR), morria o general Antônio Ernesto Gomes Carneiro. Figura das mais ilustres da República, nasceu no Serro, mas veio morar em Curvelo ainda criança. Aqui ficou até a adolescência. Durante toda a vida, fez questão de se identificar como curvelano. No Cemitério das Palmeiras, repousam os restos mortais de dois de seus irmãos: Maria Ernestina Gomes Carneiro de Salvo e general Pedro Ernesto Gomes Carneiro. Em Triste Fim de Policarpo Quaresma, lá pelas tantas, o fantástico Lima Barreto abandonou a ficção para exaltar-lhe a postura na Revolução Federalista. Dentre outras coisas, o romancista escreveu: “... a Lapa resistia tenazmente, uma das poucas páginas dignas e limpas de todo aquele enxurro de paixões. A pequena cidade tinha dentro de suas trincheiras o coronel Gomes Carneiro, uma energia, uma virtude. Verdadeiramente isso, porque era sereno, confiante e justo”.
Em 02/09/1894, em Paraopeba, antigo Tabuleiro Grande, nascia o funcionário público e vereador curvelano José Gonçalves Ribeiro, o Juquita Dunga. Pelas realizações em prol de Curvelo, recebeu a cidadania honorária em 21/05/1981 (a data refere-se à promulgação do decreto legislativo). Seu filho Carlos Magno dos Santos Gonçalves, advogado e empresário, presidiu a Câmara Municipal.
Em 9/12/1894, em Sabará, nascia o escritor Aníbal Machado. Ele ambientou em Curvelo parte do conto Viagem aos Seios de Duília, inserido no livro A Morte da Porta-Estandarte e considerado um dos melhores do gênero no século XX.
HÁ CENTO E VINTE ANOS
Em 01/01/1904, era instalada a Sociedade Beneficente União Operária. A entidade teve como primeiro presidente Clarindo Jorge de Lima, focalizado no tópico HÁ CENTO E SESSENTA ANOS. Seu hino era composto pelo poeta simbolista Álvaro Viana (letra) e pelo maestro Emílio Frutuoso (música).
Em 06/03/1904, no Rio de Janeiro, morria o deputado federal curvelano José Cupertino de Siqueira. Filho de seleiro, formou-se em engenharia e lecionou na Escola de Minas de Ouro Preto. Foi um dos responsáveis pelos primeiros estudos para a implantação do abastecimento de água em Curvelo. Para a execução do projeto, auxiliou o presidente da Câmara, monsenhor Francisco Xavier de Almeida Rolim na importação de material metálico. Teve dois mandatos na Câmara dos Deputados. Elegeu-se uma terceira vez, mas não tomou posse, vítima de manobras de raposas políticas da República Velha.
Em 11/03/1904, na Matriz de Santo Antônio, Luiz Orsini e seus confrades fundavam a Sociedade de São Vicente de Paulo em Curvelo. São inúmeros os benefícios trazidos por essa instituição aos curvelanos no decorrer dos tempos. Basta lembrar o Asilo (Casa dos Idosos) e a Vila Vicentina.
Em 27/07/1904, morria Antônio Francisco França Canabrava. Empresário e político, o Tenente-Coronel Canabrava (título honorífico concedido por Floriano Peixoto) exerceu, ao mesmo tempo, as funções de presidente da Câmara de Vereadores e prefeito, com o título de agente executivo.
Em 29/07/1904, nascia o jornalista Randolpho Diniz (Randolphinho). Manteve, durante anos, em O Momento Regional, de Nilson Gonçalves, a coluna Pílulas & Comprimidos. Combativo e polêmico, ninguém escapava à dureza de sua pena. Era também industrial e fazendeiro.
Em 04/08/1904, Curvelo inaugurava (ou pré-inaugurava, segundo alguns) a Estação da Estrada de Ferro Central do Brasil, presentes o presidente da República, Rodrigues Alves, e o presidente do Estado (hoje seria governador), Francisco Sales.
Em 04/08/1904, a cidade recebia iluminação a gás acetileno. Para custeá-la, o agente executivo, monsenhor Francisco Xavier de Almeida Rolim, contraiu empréstimo aprovado pela Câmara no mês anterior.
Em 15/09/1904, morria o advogado e juiz municipal Alexandre Celestino Fernandes Pinheiro. Jornalista e literato, ele colaborou em O Porvir, sob a direção de monsenhor Francisco Xavier de Almeida Rolim.
Em 11/12/1904, o Papa Pio X canonizava São Geraldo Majella, cuja basílica atrai devotos do Brasil inteiro a Curvelo e é a única no mundo dedicada exclusivamente ao taumaturgo italiano.
Em 24/12/1904, nascia o curvelano Adaucto Lúcio Cardoso, vereador no antigo Distrito Federal, presidente da Câmara dos Deputados e ministro do STF. Renunciou ao cargo na Suprema Corte quando esta considerou constitucional a lei de censura prévia (Decreto nº 1.077/1971). Entre seus irmãos, os consagrados escritores Lúcio Cardoso e Maria Helena Cardoso.
Em 29/12/1904, nascia o poeta Francisco de Assis (Chico de Assis ou F. de Assis). Glória das letras curvelanas, deixou o apreciado livro Cenário da Vida. Djalma Andrade se disse assombrado ao lê-lo, tamanha a profundidade.
Em 1904, chegavam a Curvelo os padres redentoristas Tiago Boomaars, Bernardo Wilems, Guilherme Petters, Antônio Grijpink e Nicolau Kroon. O objetivo era pregar missões. Em 1906, os filhos de Santo Afonso de Ligório voltariam ao solo curvelano para a fundação de uma comunidade/convento. OBS.: – Em Curvelo do Padre Corvelo – Notas Históricas (Belo Horizonte, Imprensa Oficial, 1988, p. 54), o historiador padre Alberto Vieira de Araújo, estribado em informações do cônego Raimundo de Almeida e Sousa, dá como certa a data de 1904 para as primeiras missões dos redentoristas na cidade. Já o historiador Luciano Dutra Neto, em Das Terras Baixas da Holanda às Montanhas de Minas (Rio, Edições Galo Branco, 2007, p. 212), afirma que, em 1903, os membros da Congregação do Santíssimo Redentor já faziam pregações nos distritos de Angueretá e Santo Antônio da Lagoa. Existe ainda uma terceira data. Em Centenário de S. Geraldo e dos Redentoristas em Curvelo (Juiz de Fora, Impressos Gráficos São José, 2006, p. 18), o padre João Batista Boaventura Leite é categórico: ao registrar que “a primeira missão redentorista em Curvelo foi em 1905”.
HÁ CENTO E DEZ ANOS
Em 14/02/1914, em Dores do Indaiá, nascia o bancário e vereador curvelano Cirilo Alves Ferreira.
Em 01/03/1914, em Gouveia, nascia José Hipólito Filho, considerado o Patrono da Radiodifusão Curvelana, por ter sido fundador e primeiro diretor-presidente da Rádio Clube de Curvelo.
Em 31/03/1914, em Gouveia, nascia a artista Josefina Milena Gomes (Fifina). Ela adotou Curvelo, cidade onde se formou normalista em 1932, e Curvelo outorgou-lhe a cidadania honorária em 15/04/1987 (a data refere-se à promulgação do decreto legislativo). Seus desenhos transpuseram fronteiras, pois foram expostos em Nova Iorque e em outras metrópoles mundo afora. Ah, ela também riscou para o enxoval de filhos da princesa britânica Anne.
Em 23/07/1914, em Belo Horizonte, nascia o médico, advogado, jornalista, professor universitário, escritor, poliglota e líder monarquista curvelano Geraldo Vianna Espeschit, cujo fulgor intelectual iluminou minha infância e adolescência. Foi meu professor particular de língua e literatura alemã, e eu o vi traduzir, diretamente do original, obras como Also sprach Zarathustra (Assim falava Zaratustra), de Friedrich Nietzsche, e Kunst und Schicksal (Arte e Destino, ou Arte e Fatalidade), de Emil Ludwig. Por influência dele, passei a ler os sensacionais romances de Johannes Mario Simmel. O doutor Vianna Espeschit tornou-se cidadão honorário de Curvelo em 12/03/1992 (a data refere-se à promulgação do decreto legislativo).
Em 04/10/1914, em Curvelo, nascia o jornalista Geraldo Diniz Resende. Trabalhou em O Diário e fundou o jornal Minas Farmacêutica.
Em 10/11/1914, chegava ao Brasil o padre Pedro Rutten. Em território brasileiro, adotou o nome de Paulo: Padre Paulo Rutten. Durante cerca de quatro decênios, realizou profícuo trabalho religioso e social em Curvelo, na Basílica de São Geraldo, razão por que os curvelanos o consideram santo. Dizem que andava como se os pés não tocassem o chão e falava com voz que não parecia terrena. A Câmara de Vereadores o fez cidadão honorário em 27/11/1963 (a data refere-se à promulgação do decreto legislativo).
HÁ CEM ANOS
Em 06/04/1924, surgia em Curvelo o jornal O Elo, tendo como diretor-gerente o farmacêutico Saturnino Dias de Carvalho Júnior, pai do poeta e filósofo Padre Celso de Carvalho.
Em 25/06/1924, no distrito de Santa Rita do Cedro, nascia o comerciante, fazendeiro, professor e vereador curvelano Luciano França Fonseca.
Em 13/08/1924, em Minas Novas, nascia o cardeal dom Serafim Fernandes de Araújo. Era titular da Paróquia de Santo Antônio, em Curvelo, quando, em 19/01/1959, o Papa João XXIII o nomeou bispo auxiliar de Belo Horizonte. Integrou-se de tal forma à vida curvelana, que a Câmara Municipal outorgou-lhe a cidadania honorária em 26/09/1968 (a data refere-se à promulgação do decreto legislativo).
Em 01/10/1924, em Buenópolis, nascia o comerciante e vereador curvelano Sebastião Mozarino Pereira, muito atuante no bairro Bela Vista e adjacências.
Em 22/12/1924, em Curvelo, nascia Dalton Moreira Canabrava, grande benfeitor de sua terra e de sua gente. Médico, vereador, presidente da Câmara, deputado estadual por seis legislaturas, presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, governador interino do Estado e deputado federal constituinte, marcou época com sua atuação em defesa do estado democrático de direito em pleno regime militar. “A liberdade é tão necessária quanto o pão de cada dia”, costumava dizer.
HÁ NOVENTA ANOS
Em 09/01/1934, o desembargador curvelano Pedro Batista de Azevedo Viana assumia a presidência do Tribunal de Justiça Eleitoral de Minas Gerais.
Em 14/06/1934, nascia o comerciante e vereador curvelano Wilson da Silva Ribeiro.
Em 13/08/1934, nascia o vereador Pedro de Alcântara Trindade.
Em 16/09/1934, em Morada Nova, nascia a radialista e atriz teatral Elza Louzada Marinho (Elza Louzada). Apresentou programas na Rádio Clube de Curvelo e atuou em peças dirigidas por Oldak Garcia.
Em 17/09/1934, nascia o médico e vereador curvelano Marcelo Dayrell Galuppo.
Em 25/11/1934, em Piripiri (Morro da Garça), nascia o radialista José Pereira da Silva, o Compadre Zezinho, líder de audiência, por décadas, na Rádio Clube de Curvelo.
Em 1934, o curvelano Lúcio Cardoso, ícone da literatura brasileira, máxime do romance introspectivo, lançava Maleita, seu livro de estreia. Na obra, o começo da formação de Pirapora, ex-distrito de Curvelo.
HÁ OITENTA ANOS
Em 14/01/1944, realizava-se a primeira reunião para a fundação da Liga Curvelana de Desportos.
Em 08/02/1944, o Esporte Clube Maria Amália era fundado por empregados da fábrica de mesmo nome, da Companhia Têxtil Othon Bezerra de Mello. A agremiação chegou a disputar campeonatos na segunda divisão do futebol mineiro.
Em 25/04/1944, nascia José Marcos Matias dos Santos, o Delém, brilhante locutor da Rádio Clube de Curvelo, carnavalesco, desportista e escritor. Que honra tê-lo tido no meu círculo de amigos!
Em 09/06/1944, nascia o radialista curvelano Fernando Antônio Nery, ou apenas Fernando Nery.
Em 10/11/1944, nascia a curvelana Ângela Diniz, dama da alta sociedade morta a tiros, em 1976, pelo namorado Raul Fernando do Amaral Street, o Doca Street. Ocorrido em Búzios (RJ), o emblemático caso de feminicídio virou filme dirigido por Hugo Prata em 2023, com a atriz Isis Valverde de protagonista.
Em 1944, Lúcio Cardoso, o “Corcel de fogo sem limite para o seu galope”, lançava as Novas Poesias e a novela Inácio.
HÁ SETENTA ANOS
Em 04/03/1954, morria o carnavalesco Alberto Domingues da Silva, o Beto Preto. Atearam-lhe fogo à fantasia de Nega Maluca durante o carnaval.
Em 23/08/1954, realizava-se a assembleia geral de fundação do Clube Recreativo Curvelano, do qual eu viria a ser diretor de Relações Públicas.
Em 1954, no Museu do Ouro (Sabará), os historiadores Antônio Gabriel Diniz e Sílvio Gabriel Diniz encontravam o testamento do Padre Antônio Corvelo de Ávila, considerado o fundador do Município. Esse fato lançaria novas luzes sobre o estudo da História local.
Em 1954, Lúcio Cardoso, fulgurância maior nas belas-letras curvelanas, lançava a novela O Enfeitiçado. Em outubro do mesmo ano, ele assumiria a direção da Revista da Semana.
Em 1954, o escritor curvelano Luiz Canabrava lançava, pela José Olympio Editora, o premiado livro de contos Sangue de Rosaura, com texto de orelha assinado pela futura imortal Dinah Silveira de Queiroz, segunda mulher a ocupar cadeira na Academia Brasileira de Letras, onde tomou posse em 7 de abril de 1981.
HÁ SESSENTA ANOS
Em março de 1964, triunfava o golpe que deporia o presidente João Goulart e implantaria o militarismo no Brasil. Desde o início, Curvelo esteve envolvida na trama, e vários curvelanos foram cassados, presos e exilados. Houve mortos, caso de Raimundo Gonçalves Figueiredo, acusado de participar do Atentado ao Aeroporto de Guararapes. Em julho de 2020, a Justiça brasileira reconheceu que, em 1976, a estilista Zuzu Angel foi assassinada por agentes do regime. Trato desse tópico em profundidade no meu ensaio Aspectos de 1964: Curvelo no Centro das Movimentações.
Em 04/06/1964, nascia o ator Ângelo Antônio, atualmente no elenco da novela Terra e Paixão, da TV Globo, encarnando o personagem Andade.
Em 12/11/1964, em Curvelo, nascia o produtor rural e engenheiro-agrônomo Antônio Pitangui de Salvo, atual presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg).
Em 29/12/1964, morria o médico, vereador, jornalista e vice-prefeito de Curvelo José Lourenço Vianna Filho. Doutor Juca, como era conhecido, descobriu a miopia no escritor João Guimarães Rosa. Entre seus descendentes, o bisneto jornalista e romancista Sérgio Abranches, curvelano de nascimento. casado com a também jornalista e escritora Miriam Leitão.
Em 29/12/1964, no Rio de Janeiro, morria o curvelano Pedro Netto. Era farmacêutico, poeta bissexto e trabalhou no ramo de seguros, além de ter exercido as funções de jornalista e tipógrafo. Extremamente distraído, foi descrito como “autêntico selenita” (habitante hipotético da Lua) pelo memorialista Alfredo Marques Vianna de Góes. Pedro Netto e dona Francisca Gomes Netto são os pais, dentre outros, da imortal estilista Zuzu Angel.
Em 1964, Curvelo se transformava em cenário do filme Viagem aos Seios de Duília, produção luso-brasileira dirigida pelo cineasta argentino Carlos Hugo Christensen e baseada no conto homônimo de Aníbal Machado.
HÁ CINQUENTA ANOS
Em 20/07/1974, no Rio de Janeiro, morria o ministro Adaucto Lúcio Cardsoso, de que falei no tópico HÁ CENTO E VINTE ANOS.
Em 23/08/1974, morria o cirurgião-dentista Edmundo Diniz Leroy, vereador e presidente da Câmara Municipal de Curvelo.
Em 08/12/1974, no bairro Tibira, o arcebispo metropolitano de Diamantina, dom Geraldo de Proença Sigaud, com base em decreto de ereção canônica datado de 02/08/1974, instalava a Paróquia da Imaculada Conceição, a terceira de Curvelo. Assumiu a direção dos trabalhos paroquiais o padre Jessé Torres Cunha, hoje nome de centro social e de escola pública em Feira de Santana (BA). O Jubileu de Ouro da Paróquia, em 2024, coincidirá com os 170 anos da promulgação do Dogma da Imaculada Conceição de Nossa Senhora pela bula pontifícia “Ineffabilis Deus”, de 8 de dezembro de 1854. OBS.: – Na ata de posse, o padre Jessé Torres Cunha vem designado como “primeiro pároco”; na provisão, o sacerdote baiano aparece como “primeiro vigário”. Como se sabe, os termos pároco e vigário têm acepções diferentes. Vigário dimana do latim vicarius, tudo a ver com vicus, vicis (vez). Designa, portanto, o que faz as vezes do pároco ou o substitui. Pároco, por seu turno, é o que governa os fiéis de determinada jurisdição eclesiástica em nome do bispo e mora no meio deles. Faço este registro apenas por curiosidade, pois o fato histórico se sobrepõe à questão de semântica.
Em 27/12/1974, morria o sargento PM, escrivão e vereador curvelano Sebastião Nagib Salomão, natural de Juiz de Fora. Vem a ser pai, dentre outros, do ex-prefeito de Curvelo doutor Sebastião Nagib Salomão Filho e do general Geraldo Nagib Salomão.
Em 1974, o livro Ana Lúcia no País das Fadas, da escritora curvelana Nina Salvi, era selecionado e enviado pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil à UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura –, onde ganhou prêmio e entrou na lista internacional das melhores publicações do gênero.
Em 1974, o cantor e compositor curvelano Mário Paris se tornava um dos autores da trilha sonora do filme O Segredo da Rosa, de Vanja Orico.
Em 1974, o empreendedor José Cláudio Louzada, morto em outubro de 2023, criava os Lanches São Geraldo (Cachorro-Quente do Claudinho), muito elogiado em Curvelo e além-fronteiras.
*Newton Vieira é escritor, jornalista e historiador. Pertence, dentre outras, às seguintes instituições literoculturais: Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, Instituto Histórico e Geográfico de Pompéu, Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais (AMULMIG), Academia de Letras e Artes de Fortaleza (ALAF – CE) e Centro de Literatura do Museu Histórico do Exército e Forte de Copacabana. Eleito por unanimidade, entrou recentemente para o PEN Club do Brasil.
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