Por Newton VIEIRA
Junho é o mês do Orgulho LGBT, marcado por comemorações e também por ações contra a homofobia . Então publico, dentre outras imagens, a da capa do livro "Histórias do Amor Maldito", trabalho do artista plástico e escritor curvelano Luiz Canabrava. Trata-se da primeira antologia brasileira de textos homoafetivos ou com pitadas de homoafetividade, organizada por Gasparino Damata para a Editora Record em 1967. Verdadeira revolução sob a égide da literatura.
Outro pioneirismo de Luiz Canabrava: o laureado contista entrou, como colaborador, no expediente da edição inaugural do tabloide Lampião da Esquina, publicação voltada para o segmento homossexual do Brasil no fim da década de 1970 e comecinho da seguinte. Inspirado pelas conferências de Winston Leylane, editor da Gay Sunshine Press, sediada em São Francisco, Califórnia, o Lampião circulou de 1978 a 1981 e marcou um movimento por direitos só mais tarde conquistados. Isso em pleno regime militar.
Voltando à vaca-fria, isto é, à antoliogia da Record, informo que nela foram inseridos contos de dois curvelanos ilustres: o consagrado Lúcio Cardoso e o citado capista Luiz Canabrava, autor do sempre lembrado "O Anjo da Avenida Atlântica".
Quanto a Lúcio Cardoso, vale ressaltar que o mestre de "Crônica da Casa Assassinada", por toda a sua representatividade, tornou-se também personagem de "Devassos no Paraíso", de João Silvério Trevisan , substanciosa obra que conta a história da homossexualidade no Brasil desde o período colonial.
A luta foi grande. Somente em 17 de maio de 1990, outro dia mesmo, a OMS deixou de classificar a homossexualidade como doença.
Em "Histórias do Amor Maldito", ao lado de Lúcio e Luiz, figuram ainda Dalton Trevisan, Alcídes Pinto, Aníbal Machado, Autran Dourado, Mário de Andrade, Dinah Silveira de Queiroz, João do Rio, Assis Brasil, Edilberto Coutinho, Machado de Assis, José Edson Gomes, Nélida Pinon, José Condé, Miroel Silveira, R. Magalhães Junior, Samuel Rawett, Renard Perez, Nataniel Dantas, Aguinaldo Silva (o novelista), Homero Homem, Walmir Ayala, Paulo Hecker Filho, Octávio de Faria, Moacir Costa Lopes, Oswald de Andrade, Melson Rodrigues, Harry Laus, Aluísio Azevedo, Erico Veríssimo, Gilberto Freyre, Graciliano Ramos, Raul Pompeia e Adolfo Caminha, além do próprio organizador.
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