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Eleições em Curvelo – Curiosidades


Newton Vieira* 

 

Neste domingo, 6 de outubro, os curvelanos, como todos os brasileiros, escolheremos o prefeito e os vereadores para o quatriênio 2025/2028. Em Curvelo, o eleitorado é de 61.474 pessoas. As mulheres são maioria: 53%. 

Aproveito o ensejo para publicar algumas curiosidades históricas relativas ao processo eleitoral e ao exercício do poder no Município. 

Você sabia que, na primeira eleição para vereador em Curvelo, realizada em 3 de junho de 1832, votaram 219 eleitores? Os que estavam aptos a votar e não o fizeram pagaram multa. 

Você sabia que, conforme determinava a legislação do Império, a Câmara de Vereadores instalada em 30 de julho de 1832 tinha apenas 7 membros em sua composição?  Deles, João Nepomuceno Pinto de Carvalho era o único nascido em solo curvelano. Naquele tempo, o prefeito era também o presidente da Câmara, com o título de agente executivo, e esse cargo teve como primeiro ocupante em Curvelo o coronel João Marciano de Lima. 

Você sabia que, em 1875, quando o distrito-sede do Município passou à categoria  de cidade (até então era vila), o número de vereadores subiu para 10. As cadeiras na edilidade curvelana aumentariam novamente décadas depois. Não faz tanto tempo assim, chegaram a 17. Poucas legislaturas atrás, voltaram a ser 10, como na época do Império. Atualmente são 15. 

Você sabia que o imperador dom Pedro II, quando  menor, por intermédio da Regência Trina Permanente, enviou histórica mensagem aos vereadores curvelanos? A correspondência veio datada de 15 de setembro de 1832. Ei-la na íntegra: 

 

A Regência, em nome do Imperador, a quem foi presente o ofício de 8 de agosto passado, em que a Câmara Municipal da Vila do Corvelo participa a adesão à Augusta pessoa de sua Majestade, o Imperador, manda pela Secretaria de Estado dos Negócios do Império participar à referida Câmara que ficou inteirada do conteúdo do mencionado ofício e dos bons sentimentos que a animam. 

Palácio do Rio de Janeiro, 15 de setembro de 1832. 

  1. Nicolau Pereira de Campos Vergueiro 

Obs.: Atualizou-se a ortografia. 

 

Você sabia que a primeira mulher a ocupar cadeira na Câmara de Vereadores de Curvelo chegou a ser irmã vicentina? Dona Alpha Vianna Marques quebrou a hegemonia masculina no Legislativo curvelano em 22/10/1955. Ela pertenceu à Congregação das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, a mesma que dirige o Hospital Imaculada Conceição. Atendia pelo nome de Irmã Lúcia. 

Você sabia que vários vereadores curvelanos tiveram enorme destaque nacional? Darei quatro exemplos. José Guilherme dos Santos, vereador entre 1916 e 1920, brilhou como jornalista da Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro, e recebeu homenagem de Humberto de Campos numa crônica incluída no livro “Os Párias”. Álvaro Vianna, vereador de 1919 a 1927, atuou no movimento poético conhecido por Simbolismo e recebeu de Alphonsus de Guimaraens o cognome “Meu Discípulo Amado”. Cândido de Oliveira, vereador de 1873 a 1877 e de 1877 a 1881, praticamente saiu de Curvelo, onde constituiu família, para ser ministro do Império duas vezes: chefiou o Ministério da Guerra, no Gabinete de Souza Dantas (1884-1885), e o Ministério da Justiça, no Gabinete do Visconde de Ouro Preto (1889). Estava no exercício do cargo quando o golpe militar de 15 de novembro de 1889 implantou a República. Outra curiosidade: no Senado, Cândido de Oliveira defendeu a Abolição contra a fúria escravocrata do Barão de Cotegipe. Em 13 de maio de 1888, o jurista fez parte da comitiva de senadores que levou a Lei Nº 3.353, a Lei Áurea, para receber a assinatura da princesa Isabel. Dalton Canabrava, cujo centenário é celebrado este ano, presidiu a Assembleia Legislativa de Minas, governou interinamente o Estado e participou da elaboração da Carta Magna de 1988. 

Há inúmeros outros fatos curiosos na história política de Curvelo. Basta lembrar aquele comício em que o orador, deixando a plateia estarrecida, apresentou acusações graves contra os próprios companheiros de palanque. E o caso da urna que teve as cédulas substituídas a mando de coronéis, conforme reportagem de “O Trayrense”, jornal editado em Trayras, antigo distrito curvelano e hoje município de Santana de Pirapama? E o espancamento do jornalista Altino Argemiro, nas imediações do antigo Hotel Rio de Janeiro, por causa de editorial que não agradou aos caciques políticos? Altino Argemiro, logo após o episódio, mudou-se de Curvelo e, em 1925, segundo o historiador padre Alberto Vieira de Araújo, teria participado da fundação de O Globo com a família Marinho. E o “sequestro” (entre aspas) que impediu certo vereador de votar favoravelmente a determinado projeto? E a candidatura à vereança do icônico Saluzinho Rodeiro, considerado o introdutor do bilboquê na cidade? E os bastidores, na Câmara, para a retirada dos trilhos da Rede Ferroviária Federal do Centro? E as brigas no Ginásio Coberto durante a marcha das apurações quando o voto era no papel? Enfim, são tantas coisas! Qualquer dia conto mais. 

 

*Jornalista, escritor e historiador. Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais 

 

FOTO 

O primeiro agente executivo de Curvelo, coronel João Marciano de Lima 


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