Comerciantes passam por momentos difíceis em Curvelo

Após a publicação do decreto que colocou o município de Curvelo de volta na "onda branca" do programa "Minas Consciente", do governo do Estado, comerciantes que estavam autorizados a funcionar desde o último dia 8, precisaram fechar as portas. O decreto provocou reações e protestos da classe.

Em um grupo de troca de mensagens que reúne empresários de diversos setores, alguns comerciantes se exaltaram e chegaram a sugerir ignorar o decreto e continuar com as atividades. Foi o caso de Ivo José, que teve a sua fala reproduzida em uma matéria do Click Curvelo.

Para a nossa redação o empresário se disse arrependido e que a sua fala não passou de um desabafo. O comerciante disse agir sempre dentro da lei, e defendeu que o grupo não promove esse tipo de ato. "O grupo foi feito pra gente conversar, desabafar. Geramos muitos empregos, estamos correndo atrás pra ver se supera. Eu tenho 6 funcionários já pensou se eu mando tudo embora? Os fiscais são até meus clientes, nunca desrespeitei eles."

José contou que dos 6 funcionários que a sua empresa possui, 4 precisaram ser afastados e recebem um auxílio do governo. Para ele, o valor do auxílio não é o suficiente: "Tenho 4 [funcionários] no auxílio do governo, mas o dinheiro não dá e tem que tirar do bolso da gente para completar." - contou o comerciante.

Ivo José é proprietário do Ponto do Espetinho, assim como outros comerciantes ele informou enfrentar dificuldades com o trabalho em Delivery. "Eu não fazia entrega, comprei uma moto parcelada com um amigo esses dias, eu não tinha nem moto. Comprei para conseguir fazer algumas entregas pra ver se melhora mais. Porque a gente não sabe que dia vai reabrir [o comércio], se avisassem pra gente o dia que iria voltar, poderia mudar para um ponto mais barato." 

Outros empresários também defenderam que o grupo trata de movimentos pacíficos e ordeiros. "Faço parte do grupo e posso garantir que ninguém tem ou teve intenção de promover qualquer ato de desobediência civil. Nem mesmo quem sugeriu, pois foi apenas um desabafo no grupo privado num momento de indignação e estresse. O que não era para ter se tornado público. Os movimentos feitos pelo grupo são pacíficos, ordeiros. O grupo apenas utiliza os direitos constitucionais atribuídos a todos os cidadãos." - contou uma das empresárias que conversaram com a nossa equipe.

Por telefone o presidente da Câmara dos Dirigentes Logistas de Curvelo (CDL), Renato Boaventura, classificou o momento como 'complicadíssimo': "Está todo mundo desesperado, a turma está muito preocupada, muito nervosa. A situação está complicadíssima. O negócio está crítico, abriu semana passada e agora já voltou tudo." - comentou Boaventura sobre a volta da cidade para a 'onda branca'.

Mesmo os comerciantes que ainda estão autorizados a funcionar dentro da 'onda branca', podem ter que fechar as suas portas, já que o governo de Minas Gerais divulgou a recomendação de que toda a macrorregião central retorne para "onda verde" do plano "Minas Consciente". (leia mais)

Uma reunião entre representantes dos comerciantes e membros do Comitê Extraordinário Covid-19 está marcada para acontecer nesta sexta-feira (19). Na ocasião os comerciantes esperam encontrar explicações sobre as regras do programa do governo do Estado, assim como a possibilidade de apontar soluções diferentes para a crise causada pela pandemia. A reunião foi marcada pela promotora Renata Valladão, que também faz parte do Comitê que define as regras de enfrentamento para a Covid-19. (leia mais)

A nossa redação tentou entrar em contato com Junior Rabello, que também teve a sua fala exposta no site, mas até o fechamento desta matéria ele não havia retornado nossas mensagens. Algumas empresas e empresários presentes no grupo preferiram não comentar o assunto.