No Dia Internacional da Mulher, enquanto celebramos as conquistas femininas, é crucial direcionar nossa atenção para as dificuldades e desafios enfrentados pelas mulheres com deficiência (PcDs) em seu cotidiano. Discriminação e formas variadas de violência - seja física, sexual ou psicológica - atingem essas mulheres de maneira ainda mais agressiva e direta.
Segundo o Defensor Público Federal André Naves, especialista em Direitos Humanos e Inclusão, as mulheres PcDs enfrentam uma série de obstáculos, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade econômica. Uma das principais barreiras é a discriminação dupla no mercado de trabalho, onde são penalizadas tanto por gênero quanto por deficiência, resultando em invisibilidade e maior dificuldade de inserção profissional.
A Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência reconhece que mulheres e meninas PcDs estão sujeitas a múltiplas formas de discriminação, o que as torna mais vulneráveis a violações de direitos humanos em diversas esferas da vida, incluindo educação, saúde, sexualidade e trabalho.
A violência também é uma realidade constante para muitas mulheres PcDs, que enfrentam situações de abuso físico, sexual e psicológico em seu dia a dia. Esta violência é exacerbada pela baixa autoestima, levando muitas vezes a relacionamentos abusivos. Naves ressalta a urgência de políticas públicas efetivas para combater o capacitismo e garantir a proteção e os direitos dessas mulheres.
Além disso, as mães que têm filhos com deficiência enfrentam desafios adicionais, sendo frequentemente sobrecarregadas com trabalho não remunerado e enfrentando a falta de apoio psicológico e financeiro.
Um exemplo marcante de discriminação é o vivido por Maria Alexandra Giorgio Natali, uma mulher preta com paralisia cerebral. Sua mãe, Nydia Giorgio Natali, destaca a luta contra o preconceito desde cedo, enfrentando inclusive a discriminação dentro de sua própria família. Apesar dos desafios, Nydia se empenha em criar um ambiente de amor e aceitação para sua filha.
Apesar das dificuldades, há exemplos inspiradores de mulheres PcDs que alcançaram sucesso em suas áreas de atuação. A modelo e influenciadora Maju, com Síndrome de Down, quebrando barreiras nas passarelas da moda, e a atriz e autora teatral Tathi Piancastelli, que se tornou a primeira autora com Síndrome de Down a escrever e atuar em uma peça na Broadway, são apenas alguns exemplos de resiliência e superação.
Em última análise, é essencial reconhecer e enfrentar as lutas das mulheres PcDs, trabalhando juntos para superar as barreiras que as impedem de alcançar seu pleno potencial. Isso exige um compromisso renovado do poder público, dos legisladores e de toda a sociedade para promover a inclusão e a igualdade em todos os aspectos da vida.
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